O retorno da família Mors para a Inglaterra havia dividido opiniões entre os membros desta, alguns mais receptivos às mudanças de Zachary Mors sobre a nova morada da família, outros mais revoltados quanto a este assunto, ainda que a maioria preferisse guardar os comentários venenosos para as rodas de fofocas. Isobel, porém, não escondia o fato de não gostar das mudanças feitas por Zachary, não aceitava principalmente o fato de ser quase que obrigada a deixar seus estudos em casa para participar efetivamente de uma comunidade escolar, onde seria ainda obrigada a socialiar com outros bruxos e suas diferentes e inesperadas personalidades. - Seria menos doloroso ser jogada em um tanque de ácido... Resmungou ao ter seus olhos focados no cemitério a sua frente, tomado pela neblina que formava-se devido a chuva, ainda que esta estivesse perdendo sua força com o passar dos minutos, longos minutos em que considerava mais produtivo estar em sua própria companhia do que cercada por seus familiares, animados com o baile que deveria estar sendo organizado pelos mais velhos para tentar fazer com que os mais jovens interagissem entre si e buscassem parceiros ou parceiras.

Suspirou, observando algumas das estátuas espalhadas pelos terrenos do cemitério, as lápides não tão bem cuidadas quanto deveriam ser e algumas árvores de aspecto um tanto quanto assustador naquele horário, podendo nas sombras se tornar qualquer tipo de monstro terrível se dependesse da imaginação de quem observasse. Isobel não perdia tempo imaginando possíveis monstros na escuridão, estaria pronta caso algum surgisse, no entanto, preferia sentar em um dos bancos de pedra e observar a noite, sentindo algumas gotículas geladas da chuva tocarem seu rosto pálido. Não lhe passou despercebido uma certa e quase discreta movimentação em um dos arbustos, usando de uma pedra ao seu lado para acertar o indivíduo, que manifestou-se com um grito agúdo antes de sair de seu esconderijo e encarar a jovem de treze anos. - Não estou surpresa com sua presença, mas esperava mais discrição de você, Uphir. Confessou ao irmão mais novo, decepcionada com o desempenho do menino de oito anos.

Uphir não estava ali para lhe fazer companhia, isso era óbvio, exatamente por isso a jovem Mors levantou-se do banco em que estava e aproximou-se do mais novo, lhe bagunçando os cabelos antes de seguir o caminho de volta para a saída do cemitério. O grito de Uphir ao cair em uma das suas armadilhas foi a última coisa que ouviu ao enfim deixar o cemitério, sabia que em algum momento da noite Uphir conseguiria sair do caixão aberto por ela na noite anterior.

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